
Energia solar fotovoltaica 2021: expectativa e projeções
19 de março de 2021Bandeira vermelha em 2025: o impacto direto no seu caixa — e como a geração distribuída da MTX26 elimina esse risco
10 de junho de 2025O recente acionamento da bandeira vermelha pela ANEEL neste mês de junho de 2025 trouxe à tona uma realidade que já não pode mais ser ignorada: nosso sistema elétrico ainda é estruturalmente vulnerável e excessivamente dependente de um modelo hidrotérmico que, embora dominante por décadas, não está mais à altura dos desafios climáticos, econômicos e sociais que enfrentamos. O custo adicional de R$ 0,0446 por kWh, repassado diretamente aos consumidores, é apenas a face visível de um problema muito mais profundo.

Bandeira Vermelha em Junho de 2025: um alerta sobre os limites do nosso sistema elétrico
A justificativa da ANEEL está centrada na redução significativa das chuvas nos últimos meses, levando à necessidade de preservar os níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Para isso, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) adotou uma postura mais conservadora em 2025, acionando usinas termelétricas com mais frequência, mesmo com reservatórios ainda em patamares considerados aceitáveis. O que mudou foi o nível de tolerância ao risco: o operador optou por não repetir a crise hídrica de 2021-2022, e age hoje com uma prudência técnica compreensível, mas que acarreta um custo imediato para o consumidor e o setor produtivo.
O problema, contudo, não é apenas conjuntural. O modelo brasileiro de geração ainda carrega uma alta concentração na geração hidrelétrica, que responde por mais de 55% da matriz. Quando o regime de chuvas falha — como tem sido cada vez mais comum, impulsionado pelas alterações climáticas —, o sistema é obrigado a acionar as térmicas, que representam cerca de 25% da capacidade instalada, mas cujos custos operacionais são significativamente mais altos e com maior impacto ambiental. Este mecanismo de segurança, pensado para situações extremas, tem se tornado uma rotina, revelando uma dependência preocupante de fontes caras e poluentes para garantir a estabilidade energética.
Ao mesmo tempo, os investimentos em diversificação da matriz, embora crescentes, ainda não acompanham a urgência da transformação exigida. A energia solar, por exemplo, já é a segunda maior fonte em expansão no país, mas ainda encontra entraves regulatórios, limitações na infraestrutura de transmissão e uma certa resistência institucional à inovação descentralizada. A minigeração distribuída e os sistemas híbridos com armazenamento em baterias poderiam desempenhar um papel decisivo nesse novo desenho do setor, mas ainda carecem de políticas públicas robustas, incentivos claros e marcos regulatórios que ofereçam previsibilidade e segurança jurídica aos investidores.
O impacto desse cenário não se limita à conta de luz. Tarifas elevadas afetam diretamente a competitividade da indústria, pressionam o orçamento das famílias e aumentam a inflação. A previsibilidade tarifária, que deveria ser uma premissa básica de um sistema confiável, se perde diante das flutuações meteorológicas e do acionamento de bandeiras tarifárias emergenciais. Isso exige uma reflexão séria sobre o futuro da nossa política energética.
É nesse contexto que a bandeira vermelha deve ser interpretada não como uma penalidade isolada, mas como um sinal de alerta sistêmico. A crise não está apenas no volume de chuvas — está na lentidão da nossa resposta como país a uma transição energética inevitável. O Brasil tem tudo para liderar uma revolução energética sustentável: recursos naturais abundantes, sol o ano inteiro, know-how técnico, empresas inovadoras e capital humano qualificado. O que falta é articulação estratégica, visão de longo prazo e coragem institucional para romper com a inércia.
Como executivo à frente da MTX, uma empresa que acredita na transformação energética como vetor de desenvolvimento, vejo nesse momento uma oportunidade de liderarmos, juntos, esse novo capítulo. Precisamos acelerar a modernização da nossa matriz, expandir a geração distribuída com qualidade técnica e segurança, investir em infraestrutura de transmissão resiliente e incentivar modelos que combinem geração renovável, armazenamento e digitalização da gestão energética. Somente assim será possível garantir estabilidade, previsibilidade e tarifas acessíveis para todos, mesmo em um futuro ainda distante.
O acionamento da bandeira vermelha em junho de 2025 não é apenas um reajuste na conta. É mais um convite à ação coletiva, que deve envolver governo, setor privado, academia e sociedade civil. O futuro da energia no Brasil está em jogo — e ele precisa ser renovável, inteligente e inclusivo.
Lucas Torres – Founder